quarta-feira, março 11

Turno a turno as tuas acções entram pelo meu campo, os primeiros embates são eminentes e desencadeiam emoções cada vez mais fortes, lanço torres em tua volta que se fortalecem a cada passo que dou, passos velozes como os de um cavaleiro no seu cavalo negro como as trevas, deito abaixo as tuas crenças, bispos morrem num movimento brusco de conseguir chegar a ti.
Sou rei sem rainha, o jogo começa a apertar, uma simples aberta tua pode fazer-me chegar mais perto, nunca em tantos jogos vi as regras mudarem, o simples abater dum peão significar tanto ou mais que uma torre perdida, um deslize de ideias marca o fim da jogada, estou frente a frente a ti, marco passo a passo, tu não tentas fugir, fica eminente que o jogo não irá terminar, rei atrás de rainha, corre o que quiseres, destas quatro paredes não irás fugir, irei ter-te sempre para mim.
Minha rainha...

terça-feira, março 10

Noites em branco

Talvez hoje o vento sopra para outro lado, pois não o sinto a beijar a minha cara, apenas um toque suave na nuca. É tão bom adormecer embalado por ti, mesmo que não sejam as tuas belas mãos, o meu berço de ouro, sinto-te no ar, o vento que me penteia os cabelos é comparável aos teus dedos que tantas vezes fizeram o mesmo trajecto, enquanto falavas o quanto invejavas o caminho que percorrias e o quanto eu amava a serenidade do teu caminhar.
Hoje a lua é cheia, mas não tão cheia como quando ela nos iluminava, quando a sua luz brilhava mais que dez sois num foco de luz imensamente mágico, que fazia tudo parecer mais belo. Era fascinante como aquela luz conseguía tornar a tua imensa beleza num poço de perdição eterna, onde deixei cair a chave da minha vida e onde me perdi a olhar para o teu reflexo.
A água está gélida, quase tão fria como o meu coração, que perdeu chama para o aquecer, que não tem lenha para queimar, uma pedra de gelo negro que arde ao toque e me gela o olhar.
O ar pesa no peito, sinto dor que não vejo, vejo a dor que não sinto, não consigo respirar, durante tanto tempo venho a respirar os últimos bocados de ar que restam no meu mundo, inspiro memórias e expiro saudade, cada vez mais a saudade pesa e a memória escasseia. Saber que não te tenho é como não possuir ar, será a falta do mesmo que irá acabar por me matar.

quinta-feira, março 5

Monólogos de fim de vida

Estou farto!
Quero ir embora daqui, quero viver tudo o que não vivi, tudo o que me prendeu a ti, estou farto!
Porque é que tem de ser sempre assim? Viver preso a tua figura, ao teu olhar, a tua voz! Ainda hoje te ligo, mas que raio? Tu estás morta! Sai da minha vida, tu não existes, para de me assombrar, quero-te de volta mas mais que tudo quero que vás embora. A morte nunca dá vida, mas a vida da a morte; queres mesmo que eu morra para estar contigo? Queres mesmo que eu perca tudo para ter nada? Porque é que me fazes isto? Eu disse que te amava, e tu bem o ouves, mas tapas os ouvidos na mais pura tentativa de me fazer perder, eu sou mais forte que isso, mais forte que tu! Infelizmente não sou mais forte que o amor que me prende a ti, as correntes que prendem os meus pés ao chão e o meu pensamento em ti, a chave que perdi ao tentar te encontrar nunca me irá salvar, resta agora esperar por alguém que me salve.
Mas o que é que tu estás a dizer? És tão fraco, sempre tão fraco, o facto de eu ainda aqui habitar é pura e simplesmente por eu ser parte de ti. Deixa-me tomar controlo, eu tiro-te dessa agonia mortal que esmaga o teu peito e te tira o ar, deixa-me queimar a alma dela dentro de ti, deita-a na fogueira, FAZ A MAIOR FOGUEIRA DO MUNDO! Desculpa lá, estou a ser mau para ti, desculpa eu devia ter pensado melhor nas palavras, não fiques assim...FRACO, MORRE, QUEIMA-A A ELA E APROVEITA E ARDE TU TAMBÉM, DEIXA-ME LIVRE DE TI, FRACO INÚTIL!

terça-feira, março 3

Retrato

Tantas voltas dei de facto,
em volta do teu retrato,
olhar sem poder tocar,
rir e querer chorar.

As voltas que ainda dou,
como um pássaro que voou
e a sua casa não voltou,
um amor que viveu
de um louco que morreu.

Hoje rimo para ti,
uma história que vivi,
um sentimento que tenho em mim,
e que termina assim...

Da-me tudo!
Da-me nada!
Da-me um mundo,
um universo
onde esteja tudo imerso
e perdido lá no fundo.