terça-feira, junho 16

Fim do Fim

Tudo o que começa, acaba. E assim acaba outro capitulo de vida.
Obrigado a todos os que gastaram alguns minutos da sua vida a ler o que eu escrevi, dei mais minutos a os escrever e podem crer que adorei todo o segundo. Embora não tenha sido um escritor assíduo neste blog tenho sido um escritor assíduo na minha mente, tenho tantas ideias para pegar que nem sei por onde começar. Sei apenas que tenho de fechar mais uma porta, duma bela divisão de minha casa, em que guardo os primeiros passos de uma incerteza; pois não sei ao certo até onde a escrita me vai levar, espero que a algum lado!
Se de facto algum dia eu chegar a algum lado com a ponta da minha caneta, fico agradecido por todos os comentários de apoio, não só aqui mas pessoalmente, não teria metade da alma que tenho sem eles. Um escritor não é capaz de sobreviver sem a leitura dos outros, assim não necessitaria de escrever, a minha mente é já um grande livro apenas usado por mim.

Um até já, darei noticias talvez aqui, talvez pessoalmente, quem necessita de saber onde param os meus pensamentos o ira saber. Mas aqui eles já não voltam, permanecem sim os meus pensamentos antigos, fruto do meu crescimento.

Foi um belo fim do principio meus caros!

sábado, maio 16

A vida passa à velocidade da luz e já nem consigo ler o que escrevo...

terça-feira, maio 12

13/05

Coração em ferida
de um amor sem sorte,
dar-lhe-ia a vida
e ficaria com a morte.

Olhos em sangue,
por ver o que sinto
lábios em chamas,
pela verdade que minto.

Minha alma vira pó,
enquanto me matas sem dó;
nem piedade,
apaga toda a felicidade,
de juntos ter-mos vivido
o que nenhum ser já terá conhecido.

Já serei parte de nada,
quando a minha alma for tudo,
e gritarei para ti,
minha amada,
este belo poema mudo.

domingo, maio 10

Como se perder tempo tivesse valido a pena, esperaste por mim e no dia combinado estavas a hora certa no nosso lugar, caminhar os últimos metros para ti foi como dar uma volta ao mundo, o caminho era tão pouco mas a ânsia era tanta, os passos eram tão curtos e mudos e os pensamentos tão longos e irritantes, a incerteza invadiu as minhas veias e o coração acelerou, mas nem isso fez os passos se tornarem maiores.
Como se fosse parte do vento, cheguei por trás dela e toquei os seus cabelos loiros, lembro-me de ver a expressão mudar, o seu sorriso não se via, sentia-se, e fez-me sorrir, o cheiro da pele dela era tão forte como antes, tanto tempo depois nada tinha mudado. Cheguei-me ao lado dela e sentei-me, a mão dela tocou na minha e toda a minha pele se arrepiou; já não me lembrava deste toque, mas era algo que me deixava feliz, mesmo feliz!
Numa tentativa de lhe poder falar, ela levou a sua mão a minha boca num movimento brusco - "Não digas nada, olha para o horizonte, aprecia este momento, vale mais que qualquer palavra que eu, ou tu, digamos" - disse ela enquanto os seus belos olhos olhavam os meus como nunca antes ela o tinha feito. Olhei para o horizonte e vi o sol a cair para além da imensidão do mar, mas só aí é que percebi o que ela queria dizer com o que disse, quanto mais me tentava concentrar em algo, mais sentia o toque da sua mão na minha, o toque suave da sua pele sobre a minha, valia mais que uma vida a olhar o sol a chamar a noite para nós os dois, pois mesmo que não existisse sol nem lua, existia-mos os dois, um para o outro.
A noite chegou de rompante, a lua estava cheia e iluminava-nos aos dois, ficamos tanto tempo no silêncio, onde apenas as nossas mãos falavam entre si poemas de amor - "Fecha os olhos por favor!" - sem ser preciso pensar por mim, as suas ordens foram cumpridas sem hesitar, fechei os olhos, seguído por ela. Sem ver o que se passava, senti os seus lábios a tocar nos meus, abri os olhos e tinha voltado atrás no tempo, a última vez que nos tínhamos beijado, à dois anos atrás, no mesmo local, com a promessa de uma dia voltar a viver este momento para sempre; voltei a fechar os olhos e passei os dois anos junto a ti, com o belo cheiro da tua pele, o perfeito toque das tuas mãos e o doce sabor dos teus lábios.

domingo, maio 3

Enquanto deixo o vento varrer-me a face na esperança que a tristeza voe, as nuvens juntam-se em meu redor para assistir a minha revolta. Tentei sempre voar sobre os buracos na estrada da minha vida, mas por mais que eu tentasse nunca conseguiria sobrevoar tal abismo que me bloqueou o caminho, que me fez questionar se o que eu pensava que era, era realmente a verdade, se o mundo em que eu vivia, o castelo impenetrável que habitava era realmente assim tão sólido.
O céu fica cada vez mais cheio de espectadores de passagem, outros param e observam bem dentro de mim, pois eu sei que eles têm esse poder, de ver para além da pele e da máscara que nós criamos. Levantei-me lentamente da pedra que me serviu de banco durante este tempo todo, olhei para o céu lentamente e consegui observar todos os espectadores neste circo de monstros que eu apresento. Vi um último raio de sol a tocar-me os olhos e decidi deixar a expectativa destes caros convidados terminar:
-Bem vindos! Juntem-se a mim neste maravilhoso teatro de atrocidades e mortes espantosas, vejam a vida dum mero mortal cair num profundo abismo. Batam palmas para os palhaços tristes que assombram esta existência e riam com as ironias do fim de vida - duas lágrimas caem rosto abaixo em direcção ao chão - A maravilhosa cascata da perdição corre diante vós!
Voltei a sentar-me, pensei no que tinha feito, nada mais que falar para nuvens, como se algum dia me fossem entender e chorar por mim - façam algo de jeito e chorem! Lavem toda a mágoa da minha cara, façam algo inúteis! - como se os meus gritos tivessem chegado as almas de todas as nuvens negras que olhavam para mim, caíram milhares de lágrimas do céu. Batiam com um suave toque no meu cabelo e escorriam em frente da minha cara, olhei para o céu para tentar lavar todo o rancor e ódio da minha face, mas cada gota que caía no meu rosto era mais um remorso para juntar ao saco de ossos da minha bela morte...

sábado, maio 2

Tinha acabado de recuperar os sentidos e olhei em frente, as chamas reflectiam-se nos meus olhos molhados, mas por mais que eu tivesse vontade de chorar nunca iria conseguir apagar aquele fogo. Em segundos as memorias daquela última hora entraram como um relâmpago pela minha mente, lembrei-me de ser empurrado do telhado porque ela não queria que eu morresse queimado pelo fogo, mas ela tinha medo de alturas, tinha medo de saltar, preferia ser levada pelo fogo que levada pelo medo. Preferia morrer e deixar-me cá...
A minha cabeça ergueu-se para o topo da casa e os meus olhos seguíram as paredes rachadas e as janelas partidas até ao telhado com telhas de fogo, onde na ponta se podia avistar o seu vulto, a tentar recuar cada vez mais do toque quente das chamas, e a aproximar-se cada vez mais do seu medo de cair nas trevas. Cá em baixo era uma mera marioneta sem cordas, queria tanto mexer-me mas todas as possibilidades de a salvar acorrentavam-me ao chão e todos os membros ficaram imóveis, deixando os meus olhos assistir à cruel matança do meu amor.
Cada passo seu é mais terreno para as chamas dançarem a dança da morte, gritei por ela mas não saía nada, o medo encheu a minha boca de nada e os meus olhos de sangue enquanto o último passo para o abismo era iminente, falhou o pé na ultima telha e caiu; uma queda de 5 segundos durou uma eternidade, os seus olhos fitaram os meus uma última vez, e vi as suas lágrimas ficarem para trás apagando o fogo que a ia tocar, mas enquanto era salva pelo seu desespero já o seu medo a consumia para o fundo do abismo. A sua vida terminou numa valsa irónica, salvou as nossas vidas do meu medo de me tornar cinza e acabou por virar a cinza que alimenta o negro das trevas.

terça-feira, abril 28

Diário do fim - dia 1

É como se tudo estivesse a acabar, os rios secaram, o céu virou negro, a agua da chuva virou sangue de dor, as arvores perderam a cor, a vida começou a desaparecer. A alegria virou tristeza, as gargalhadas foram abafadas por choro intenso e cheio de desespero, o cantar intenso dos pássaros foi abafado pelos trovões para além ruínas da civilização, o sol abandonou-nos, o frio corta o nosso interior como agulhas geladas. A comida sabe a pó, a agua sabe a ar e por mais que tente não consigo respirar.
Não consigo saber se estou bem ou em extrema agonia, não dá para distinguir, dava a vida só por um segundo de ontem, antes de tudo ter mudado, antes de tudo se virar de pernas para o ar. E assim um Império que demorou tanto tempo a se erguer precisou de um estalar de dedos para se fazer esquecer.
Pontual e rotineiro como sempre, entrei no café às dez e meia e pontual e rotineira como sempre lá estava ela, sentada na mesa do canto, ao lado do grande espelho que reflecte todo o café, a beber o seu chá de cidreira e a comer uma torrada barrada com manteiga só de um lado. Sempre com um romance debaixo de olho, pois lembro-me de ela ser uma apaixonada por aquilo. Consigo ver um dos seus olhos azuis por debaixo do seu manto de fios dourados, o seu sorriso ilumina todo o café e, com galopar das páginas notasse a sua tristeza fluir; talvez seja daqueles romances tristes em que um dos dois apaixonados morre, deixando o outro sozinho e sem rumo, o facto é que ela devora estas histórias que nem uma louca.
Sentei-me no outro canto do café, onde estou reflectido no espelho, a beber o meu café e a comer uma torrada cheia de manteiga - Tanta manteiga faz-lhe mal! - diz sempre o senhor Alberto ao entregar-me o prato - De olhos na menina de cabelos loiros outra vez? Se eu tivesse a sua idade e aparência não escapava - ao dizer isto com o seu sorriso matreiro quase me fez pensar em levantar e caminhar o café inteiro e sentar-me ao lado dela, depois pensei bem, será que valia mesmo a pena? Ela esta aqui todos os dias, oportunidades não irão faltar. Ai acorda! Como é possível estares apaixonado por alguém que nem conheces? O amor à primeira vista não existe!
Um mês depois ao entrar às dez e meia no café, já com os olhos na mesa do canto, aquela debaixo do espelho, noto que estava vazia, possivelmente apanhou transito a vinda para cá, ou talvez tenha tido um exame ou assim. O senhor Alberto já trazia o meu café e a torrada ensopada em manteiga por instinto, sabendo que não eu nunca iria pedir outra coisa, ao pousar o prato na mesa trocou as suas palavras diária por algo que me fez em pó - É uma pena menino, ela era uma boa rapariga, mas a morte toca a todos, ainda bem que não a chegou a conhecer, seria um pouco mau perder alguém amigo não concorda? - nem consegui olhar para a expressão dele ao dizer estas palavras, senti dentro de mim algo que queimava, não sabia explicar o que era, a chávena do café encheu-se de lágrimas em segundos, será que estaria mesmo apaixonado por ela?
-Menino, lembrei-me agora, tome este livro, a outra menina deixou-o a mim na ultima vez que cá veio, e fez questão que fosse entregue a si, um bonito romance se quer que lhe diga. Fitei a capa do livro, e li em letras gordas no topo algo que ainda acabou mais com a minha vida, "Amor à primeira vista."