domingo, maio 10

Como se perder tempo tivesse valido a pena, esperaste por mim e no dia combinado estavas a hora certa no nosso lugar, caminhar os últimos metros para ti foi como dar uma volta ao mundo, o caminho era tão pouco mas a ânsia era tanta, os passos eram tão curtos e mudos e os pensamentos tão longos e irritantes, a incerteza invadiu as minhas veias e o coração acelerou, mas nem isso fez os passos se tornarem maiores.
Como se fosse parte do vento, cheguei por trás dela e toquei os seus cabelos loiros, lembro-me de ver a expressão mudar, o seu sorriso não se via, sentia-se, e fez-me sorrir, o cheiro da pele dela era tão forte como antes, tanto tempo depois nada tinha mudado. Cheguei-me ao lado dela e sentei-me, a mão dela tocou na minha e toda a minha pele se arrepiou; já não me lembrava deste toque, mas era algo que me deixava feliz, mesmo feliz!
Numa tentativa de lhe poder falar, ela levou a sua mão a minha boca num movimento brusco - "Não digas nada, olha para o horizonte, aprecia este momento, vale mais que qualquer palavra que eu, ou tu, digamos" - disse ela enquanto os seus belos olhos olhavam os meus como nunca antes ela o tinha feito. Olhei para o horizonte e vi o sol a cair para além da imensidão do mar, mas só aí é que percebi o que ela queria dizer com o que disse, quanto mais me tentava concentrar em algo, mais sentia o toque da sua mão na minha, o toque suave da sua pele sobre a minha, valia mais que uma vida a olhar o sol a chamar a noite para nós os dois, pois mesmo que não existisse sol nem lua, existia-mos os dois, um para o outro.
A noite chegou de rompante, a lua estava cheia e iluminava-nos aos dois, ficamos tanto tempo no silêncio, onde apenas as nossas mãos falavam entre si poemas de amor - "Fecha os olhos por favor!" - sem ser preciso pensar por mim, as suas ordens foram cumpridas sem hesitar, fechei os olhos, seguído por ela. Sem ver o que se passava, senti os seus lábios a tocar nos meus, abri os olhos e tinha voltado atrás no tempo, a última vez que nos tínhamos beijado, à dois anos atrás, no mesmo local, com a promessa de uma dia voltar a viver este momento para sempre; voltei a fechar os olhos e passei os dois anos junto a ti, com o belo cheiro da tua pele, o perfeito toque das tuas mãos e o doce sabor dos teus lábios.

1 comentário:

marianne curtis disse...

''valia mais que uma vida a olhar o sol a chamar a noite para nós os dois, pois mesmo que não existisse sol nem lua, existia-mos os dois, um para o outro''
óh sonny, escreve mais textos assim, que estes são ainda mais bonitos!
(a musica não tem nada a ver com psycho ._.)